Falo da Violeta, em particular, que conheci quando ela tinha 18 anos e voltei a reencontrar recentemente. Neste hiato de tempo em que não nos vimos pensei nela mais do que era suposto, visto na altura não lhe ter dado a importância que de certo, e o tempo diria, merecia.
Conheci a Violeta no Saldanha, numa paragem de Autocarro, ela estava sozinha e eu ia acompanhado por um amigo, achamos piada a miúda que se procurava abrigar da chuva sob um guarda-chuva completamente desarticulado. Metemos conversa, estávamos os dois em disputa como sempre, e apesar de não utilizar aquele autocarro segui com ela até Benfica onde tomamos um café numa pastelaria junto á estação, depois acompanhei-a até ao comboio despedimo-nos com um beijo apaixonado e com a promessa de nos encontrarmos no dia seguinte, sábado, em Sintra.
Estivemos juntos nesse sábado em Sintra e durante o ano que se seguiu mantivemos um relação indefinida, apesar de ela me ter apresentado á família e criarmos amigos comuns, nunca a definimos. Da minha parte porque me convinha, sempre prezei muito a minha liberdade, da sua parte porque, eventualmente, esperasse que eu o fizesse.
- Fizeste-me mulher. Dizia ela emocionada no dia em que pela primeira vez fizemos amor.
O que mais recordo desse dia, e que permaneceu na minha memória até hoje, é o cheiro do seu cabelo. Alias, o seu cabelo cor de caju era lindo e sempre a cheirar a timotei ervas. Fecho os olhos e sinto o seu cheiro e imagino-me a acariciá-lo sob os reflexos dourados do sol de Setembro, mês em que a conheci.
Durante esse ano, sempre que podia, esperava por ela às 18 horas na mesma paragem de autocarro onde nos conhecemos, ficávamos a namorar onde podíamos… depois leva-a a casa. Sem saber bem porquê deixei de aparecer, passaram uns meses até voltar a vê-la, um dia cruzamo-nos por acaso. Ela ia com uma amiga e eu com a Maria, a minha namorada na altura, sorrimos e cumprimentamo-nos sem no determos.
Passados alguns anos soube que tinha casado, desejei-lhe sinceras felicidades, ela merecia e não pensei mais nela até me cruzar com ela recentemente.
- Olá André. Disse ela com um grande sorriso no rosto.
Aquele sorriso, franco e aberto, trouxe-me de volta a Violeta que eu conhecera e os momentos que vivemos.
- Olá! Respondi enquanto trocávamos dois beijos.
Encontramos-nos por acaso no centro comercial que fica por baixo onde prédio onde trabalho.
- Tu por aqui? Há quanto tempo? Disse enquanto, inexplicavelmente, a abraçava.
- Almoço. Alias, vou almoçar. Respondeu.
- Almoço aqui todos os dias com as minhas colegas. Acrescentou apontando para um grupo que estava sentado numas mesas mais á frente.
- Aqui? Todos os dias… Repeti, ainda surpreso.
- Sim, trabalho num colégio aqui perto. E tu? Respondeu.
- Eu trabalho aqui, quer dizer por cima. Trabalhas num colégio? Perguntei.
- Sim, estava a estudar para educadora de infância, ainda te lembras? Sorriu.
- Acho que já te tinha visto por aqui, mas fiquei na dúvida, pelo cabelo rapado… Acrescentou.
- Claro que me lembro, disso e de outras coisas. Devolvi o sorriso e não deixei de reparar que ela tinha ficado ligeiramente corada.
Eu estava de saída e ela já tinha as colegas a reclamar pela sua presença, assim combinamos almoçar com calma no dia seguinte.
No dia seguinte, com o meu melhor fato, á hora combinada esperei por ela no andar da restauração, quando ela surgiu, vê-la ao longe a dirigir-se para mim naquele andar sedutor que lhe realça as belas curvas, fez disparar o meu coração.
- Olá André! Disse ela radiante.
- Olá minha Flor. Respondi sorrindo, na verdade ela parecia uma flor, uma bela violeta, cultivada a céu aberto e com muito amor.
- Serás sempre… Disse.
Durante o almoço, em que ficou visível o enorme carinho que ainda existia entre nós, falamos abertamente sobre a nossa vida, o que nos tinha separado, do seu casamento e separação e falamos também da Carolina, a sua filha de cinco anos.
- Estou separada à três anos e só tenho vivido para ela, é o meu amor! Disse emocionada enquanto me mostrava as fotos dela.
Nesse dia, á noite, quando me preparava para deitar recebi uma sms dela:
- Adorei o almoço. Dizia.
- Eu também, anseio pelo próximo… Respondi.
Passado alguns minutos a resposta:
- Janta comigo na sexta, a Carolina fica com a avó. Dizia
- Combinado! Beijo. Respondi.
Sexta-feira a hora combinada estacionei o carro em frente a sua casa e toquei a campainha.
- És tu? André… Disse ela.
- Sim. Respondi.
- Já vou, beijinho. Disse.
Ela estava linda, com um vestido grená muito justo e decotado quanto baste, realçando na medida justa o seu belo peito e a perfeição da suas curvas.
- Estás linda! Valeu a pena esperar. Disse sorrindo enquanto abria a porta do carro para ela.
- Sempre cavalheiro. Respondeu a sorrir.
- A onde me levas? Acrescentou.
- A um sitio que ambos gostamos e que nos trás boas recordações, Restaurante Nortada. Disse enquanto punha o carro em funcionamento, o destino era a Praia Grande em Sintra.
Continua…